Seja bem vindo...

"...agradeço a você, caro leitor, que de tantos jardins que podias visitar, escolheu este. Fico honrada.Espero que sua estada seja agradável. Que as coisas familiares lhe pareçam novas, e as coisas novas, familiares. Fique o tempo que desejar. Se encontrar uma rosa que valha a pena, sinta-se á vontade para colhê-la. Se encontrar algo que mereça ser compartilhado, por favor, compartilhe. E, quem sabe? Adão ouviu Deus falar num jardim; talvez o mesmo lhe aconteça..." (palavras retiradas do livro:ouvindo Deus na tormenta-max lucado)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Gente com rosa na lapela...


John Blanchard levantou-se do banco, ajeitou o uniforme do Exér­cito e observou a multidão que tentava abrir caminho na Grand Cen­tral Station. 

Procurou avistar a moça cujo coração ele conhecia...
 mas não o rosto , a moça com a rosa.
Seu interesse por ela começara treze meses antes em uma biblioteca da Flórida. 
Ao retirar um livro da estante, ele ficou intrigado, não com as palavras impressas, mas com as anotações escritas à mão na margem.
 A letra delicada indicava ser a de uma pessoa ponderada e sensível. Na pri­meira página do livro ele descobriu o nome da proprietária anterior, Srta. Hollis Maynell.
Depois de algum tempo e várias tentativas conseguiu localizar o en­dereço dela. 
Morava em Nova York. 

Escreveu-lhe uma carta apresentan­do-se e convidando-a para trocarem correspondência. 
No dia seguinte ele foi convocado para servir do outro lado do oceano, na Segunda Guerra Mundial. 
Durante os treze meses seguintes os dois passaram a se conhecer por correspondência. 
Cada carta era uma semente caindo em um co­ração fértil. 
Florescia um romance...
Blanchard pediu uma fotografia, mas a moça recusou-se a enviar. 
Achava que se ele realmente gostasse dela, não haveria necessidade de fotografia.
Quando ele retornou finalmente da Europa, marcaram o primeiro encontro — 19 horas na Grand Central Station de Nova York. 
"Você me reconhecerá", ela escreveu, "pela rosa que estarei usando na lapela".
Portanto, às 19 horas Blanchard estava na estação à espera da moça cujo coração ele amava, mas cujo rosto nunca vira.
Deixemos que o próprio Blanchard conte o que aconteceu:
"Em minha direção vinha uma jovem alta e esbelta. Seus cabelos loiros encaracolados caíam nos ombros, deixando à mostra as orelhas delicadas;
 os olhos eram azuis da cor do céu. Os lábios e o queixo tinham uma firmeza suave, e sua figura em traje verde-claro asseme­lhava-se à chegada da primavera. 
Comecei a caminhar em sua dire­ção, sem absolutamente notar que não havia rosa em sua lapela. 
Quando me aproximei, um sorriso leve e provocante brotou em seus lábios. 
"Gostaria de me acompanhar, marujo?" ela murmurou.
De maneira quase incontrolável, dei um passo em sua direção, e aí avistei Hollis Maynell.
Ela estava em pé atrás da jovem. 
Aparentava bem mais de 40 anos, e seus cabelos presos sob um chapéu surrado deixavam entre­ver alguns fios brancos.
Seu corpo era roliço, tinha tornozelos gros­sos e usava sapatos de salto baixo. 

A moça de traje verde-claro estava se distanciando rapidamente.
Senti como se estivesse dividido ao meio, desejando ardentemente segui-la, mas ao mesmo tempo profunda­mente interessado em conhecer a mulher cujo entusiasmo me acom­panhara e me sustentara. E lá estava ela.
Seu rosto redondo e pálido estampava delicade­za e sensibilidade, os olhos cinzentos irradiavam meiguice e bonda­de. Não hesitei.
Peguei o pequeno livro de capa de couro para me identificar. Não seria um caso de amor, mas seria algo precioso, algo talvez melhor do que amor ,uma amizade pela qual era e seria sem­pre grato.
Endireitei os ombros, cumprimentei e entreguei o livro à mu­lher, apesar de me sentir sufocado pela amargura de meu desapontamento enquanto lhe dirigia a palavra.
"Sou o tenente John Blanchard, e você deve ser a Srta. Maynell. Estou satisfeito por ter vindo ao meu encontro; aceita um convite para jantar?"
No rosto da mulher surgiu um sorriso largo e bondoso: "Não sei do que se trata, filho", ela respondeu, "mas a jovem de traje verde que acabou de 
passar por aqui me pediu para usar esta rosa na lapela. Falou também que se você me convidasse para jantar, eu deveria dizer que ela está à sua 

espera no restaurante do outro lado da rua. Ela me contou que se tratava de uma espécie de teste!"
Não é difícil compreender e admirar a sabedoria da Srta. Maynell.
Se você quiser conhecer a verdadeira natureza do coração humano, 
observe sua reação diante de uma figura sem atrativos. 
"Dize-me quem amas," escreveu Houssaye, "e dir-te-ei quem és".




Hollis Maynell, contudo, está longe de ser um exemplo para medir o coração de alguém que se interessa pelo que não é belo.
No último sermão registrado por Mateus, Jesus faz exatamente isso. 
E faz isso não por meio de uma parábola, mas por meio de uma descrição. 
Não conta uma história, mas descreve uma cena — a última cena, o juízo final. 
Em seu último sermão, Jesus coloca em palavras a verdadeira men­sagem que ele colocou em ação: "Amar os excluídos."
Não há dúvida quanto à volta de Jesus. 
Todos estarão lá. Naquele dia Jesus separará as ovelhas dos cabritos, os bons dos maus.
Em que ele se baseará para fazer essa seleção? 
Talvez você se surpre­enda com a resposta:
"Porque tive fome, e me destes de comer; 
tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me."
Qual é a insígnia dos salvos? Sua escolaridade? Sua disposição para visitar países longínquos? Sua capacidade para atrair uma multidão e pregar? 
Sua habilidade para escrever livros com mensagens de esperança? Seus grandes milagres? 
NÃO!!!
A insígnia dos salvos é seu amor para com os excluídos.
A direita do Pai estarão aqueles que deram de comer aos famintos, deram de beber aos sedentos, deram calor humano aos abandonados, ves­tiram os nus, confortaram os enfermos e visitaram os presos.
A insígnia dos salvos é seu amor para com os excluídos.
Você observou como é simples o que ele nos pede? 
Jesus não diz: "Eu estava enfermo e me curastes... Estava preso e me libertastes... 
Estava abandonado e construístes uma casa de repouso para mim..." Ele não diz: "Tive sede e me destes assistência espiritual."
Sem ostentações. Sem estardalhaço. Sem alarde na imprensa. 
Apenas pessoas bondosas praticando atos de bondade.
Porque quando praticamos atos de bondade a outras pessoas, pratica­mos atos de bondade a Deus.
Jesus habita nos esquecidos. Fez morada nos ignorados. Vive no meio dos enfermos. 
Se quisermos ver a Deus, devemos ir até onde estão os humilhados e os abatidos. 
É lá que o veremos.
" [Ele] se torna galardoador dos que o buscam," é a promessa. "Em verdade vos afirmo que sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, 
a mim o fizestes," é o desígnio.
Faça um investimento nas pessoas que o mundo rejeitou — o sem-teto, o aidético, o órfão, o divorci­ado — e talvez você descubra onde se encontra a sua independência.
A mensagem de Jesus é arrebatadora: 
"A maneira como você os trata é a maneira como também me trata."
Dentre todos os ensinamentos de Cristo em sua última semana, para mim esse é o mais pungente. 
Gostaria que ele não tivesse dito o que disse. Gostaria que ele tivesse dito que a insígnia dos salvos é a quantidade de livros que escreveram, porque já escrevi vários.
 Gostaria que ele tivesse dito que a insígnia dos salvos é a quantidade de sermões que pregaram, porque já preguei centenas. 
Gostaria que ele tivesse dito que a insígnia dos salvos é a quantidade de pessoas que conseguiram atrair, porque já falei a milhares.
Mas ele não disse isso.!!
Suas palavras me dizem que aqueles que vêem Cristo são os que vêem os sofredores. 
Se você quiser ver Jesus, vá até uma casa de repouso, sente-se ao lado de uma senhora idosa e ajude-a a colocar a colher na boca. Se quiser ver Jesus, vá até o hospital público e peça à enfermeira que o leve até alguém que nunca recebe visitas. Se quiser ver Jesus, saia do escritório, desça até o saguão e converse com o homem que 
está arrependido de ter se divorciado e está sentindo a falta dos filhos. Se quiser ver Jesus, vá até o centro da cidade e ofereça um sanduíche —
não um sermão, mas um sanduíche — àquela senhora maltrapilha que mora debaixo da ponte.
Se quiser ver Jesus... veja os mal-apessoados e os esquecidos.
Você poderá dizer que se trata de um teste.
Um teste para medir a profundidade de nosso caráter.
O mesmo teste que Hollis Maynell utili­zou com John Blanchard. 

Os rejeitados do mundo usando rosas. Assim como John Blanchard, temos às vezes de adaptar nossas expectativas. Temos às vezes de reexaminar nossos motivos.
Se ele tivesse virado as costas a uma figura sem atrativos, teria perdi­do o amor de sua vida.
Se nós virarmos as costas, poderemos perder muito mais....

(Max Lucado-Quando os anjos silenciaram)


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